Resenha: O Rei do Inverno - Bernard Cornwell

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"Um homem não é feito de querer, mas sim, de fazer"


Resenha: O Rei do Inverno conta a mais fiel história de Artur, sem os exageros míticos de outras publicações. A partir de fatos, este romance genial retrata o maior de todos os heróis como um poderoso guerreiro britânico, que luta contra os saxões para manter unida a Britânia, no século V, após a saída dos romanos. "O livro traz religião, política, traição, tudo o que mais me interessa," explica Cornwell, que usa a voz ficcional do soldado raso Derfel para ilustrar a vida de Artur. O valoroso soldado cresce dentro do exército do rei e dentro da narrativa de Corwell até se tornar o melhor amigo e conselheiro de Artur na paz e na guerra.
  • Se preferir, pode assistir o Book Talk no canal clicando neste link.

Eu sempre tive um fascínio imenso pela lenda do rei Arthur e toda a mitologia que a envolve. Eu sempre acompanho filmes, séries e livros que são lançados sobre a temática, mas como vocês podem imaginar, não consigo dar conta de tudo ao mesmo tempo, pois se tem uma história que as pessoas gostam de falar sobre, é a de Arthur. Hoje em dia no mercado, seja literário ou cinematográfico, existem milhões de adaptações e releituras da lenda, e por mais que, em tese, seja a mesma coisa, sempre vai ter algo diferenciando uma da outra. Essa característica se dá ao fato de que, na verdade, ninguém sabe ao certo como a lenda surgiu. Há rumores de que a história do grande rei Arthur Pendragon começou a ser propagada ainda na idade média, e foi se alterando aqui e acolá conforme o tempo se passava, mas sempre preservava os conceitos básicos. Bem, mas isso é assunto para outro post/vídeo debate.


Vou começar a falar com você sobre esse sensacional livro, dizendo que aqui, neste primeiro livro, Arthur não chegou a ser rei, o que já diferencia ele um pouco das demais histórias nas quais estamos habituados a ver e ler. O cenário da história, assim como nos demais, na Britânia antiga, por volta do ano 480 d.C.. Tudo começa um pouquinho antes da morte do rei Uther Pendragon, pai de Arthur, que nessa história aqui é um bastardo, fazendo com que ele não fosse tão querido e amado pelo pai. Então ele passa o trono para o herdeiro legítimo, que seria Mordred. E as diferenças que Cornwell, pois em seu livro não param por ai. Vamos nos aprofundar mais na história.

ATENÇÃO: O texto a seguir pode conter alguns spoilers.

A história começa a tomar desfecho realmente, quando o rei Mordred acaba morrendo em batalha, sendo que ele deixou uma mulher grávida, e de que a criança seria futuramente o grande rei da Britânia. Sendo que, meses depois, a criança nasce com uma deformidade no pé, fazendo com que ele se torne aleijado conforme for crescendo. Na idade média, tudo tinha alguma coisa haver com presságios e coisas religiosas, e o fato do herdeiro ter uma deficiência fazia dele incapaz de reinar.
Uma curiosidade interessante, é que o filho de Mordred também se chamou Mordred, e ficou sob os cuidados do tio bastardo, Arthur. Logo após a morte de Mordred pai, fora ordenado que fossem postos guardas e toda uma tropa cercando o castelo e redondezas, para proteger o herdeiro até que ele tivesse idade o suficiente para assumir o trono. Parece tarefa fácil para quem ouve assim. Mas como se já não fosse o suficiente o reino estar temporariamente sem rei, todas aquelas desconfianças pairando sob o herdeiro, a Britânia ainda estava sendo invadida pelos Saxões e pelos povos germânicos das redondezas, logo após a saída dos romanos.

"A vida é uma brincadeira dos deuses, costumava dizer Merlin, não existe justiça. Você precisa aprender a rir, disse-me ele uma vez, ou então vai simplesmente chorar até morrer."

Tendo isso em mente, outra coisa, outra característica, que não é muito comum nos livros do Cornwell, é o quesito magia. Mas quando falamos em Arthur, falamos sobre magia também, e sobre a existência da antiga religião, no caso o Paganismo Celta. Sendo que ao contrário do que estamos habituados a ver e ler também, o autor ele trata a magia como uma coisa cética, algo cru, algo meramente ilusório, como apenas grandes truques cartomantes. Em nenhum momento do livro nos é narrado algum tipo de ritual, magia ou cultos pagãos. Merlin, os Druidas, as Sacerdotisas da Ilha sagrada elas passam pela história como simples personagens. E isso foi um ponto negativo para mim. Mas continuemos.

Toda essa história que eu estou contando para vocês, na realidade também esta sendo contada por um narrador que serve de eu-lírico para o livro. O nome dele é Derfel Cadarn, e ele esta contando essa história para Igraine, que aqui é a rainha de Powys e a patrona de Derfel. Na verdade, Derfel, tem origens saxãs, sendo que acabou sendo achado ainda pequeno pelo Merlin e criado dentro da cultura pagã, e sendo assim, se tornou um ótimo guerreiro, se tornando até guerreiro de Arthur.


Eu gosto de dizer que o livro ele é dividido em cinco partes, o que deveras é, completamente distintas umas das outras, mas que ainda assim se completam. Que são elas: Um nascimento no Inverno; A Noiva; A volta de Merlin; A Ilha dos Mortos; A Parede de Escudos. Em minha humilde opinião, o Bernard foi muito bem sucedido na escrita deste livro, desde a criação, a catalogação, enredo, com personagens marcantes, cenários tão vívidos, mas ao mesmo tempo austeros.

Provavelmente eu já falei mais do que eu deveria, espero que vocês não fiquem chateados comigo, de verdade. Vocês sabem que nas minhas resenhas escritas eu tento ao máximo não dar spoilers, mas ao mesmo tempo existem certos livros de demandam um pouco mais de trabalho na elaboração da mesma. Eu posso dizer que o autor me encantou ainda mais pela sua escrita e pela sua visão, pois O Rei do Inverno não é o primeiro livro dele que eu leio.

"Mais tarde, muito mais tarde, aprendi que a alegria e o medo são exatamente a mesma coisa."

Algumas dicas interessantes na hora da leitura são que, sempre que surgir uma dúvida, seja em relação aos personagens ou a locais citados, dê uma paradinha e pesquise no glossário, que o próprio livro nos disponibiliza. Vocês também poderão ter uma ideia melhor do cenário com um incrível mapa localizado na parte inicial do livro, e livros com mapas são maravilhosos. E para vocês não ficarem falando que eu não fiz nenhuma crítica negativa em relação ao livro, eu fiquei completamente desgostoso em relação ao personagem Lancelot. A retratação do mesmo na visão do Bernard é completamente diferente da que estamos habituados. Mas foi como eu disse, a escrita do autor é tão pura, tão real, tão boa e fluida, que compensou todos e quaisquer deslizes que ele possa ter cometido ao longo do caminho.

É isso pessoal, espero que tenham gostado, pois esse livro foi o do projeto TBR Jar. Então fiquem ligados, pois amanhã mesmo sai o Book Talk desse livro lá no canal, que vocês podem acessar clicando aqui. E ainda essa semana irá ser sorteado o próximo livro na TBR. Fiquem ligados.

"Entendo que é possível olhar nos olhos de alguém e de súbito saber que a vida será impossível sem eles."


NOTA: 5.0

Att,
Vitor Iury Neves

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